ANTONIO
CARLOS PSICÓLOGO C.R.P. 31341/5(ADULTOS, CASAIS,
SÍNDROME DO PÂNICO)- TATUAPÉ -SP-SP TELS: 26921958/ 93883296
A SÍNDROME
DO PÂNICO NA ABORDAGEM DE ALFRED ADLER
Mesmo com
toda a medicação fornecida hoje em dia para tratar do transtorno mental
conhecido como “síndrome do pânico”, faz-se mister uma profunda reflexão sobre
dito transtorno, assim como alternativas ou apoio ao tratamento. Inegavelmente
é terrível e extremamente doloroso o mal estar descrito pelos seus portadores,
como por exemplo: limitação de sair as ruas, medo constante e generalizado,
invasão de idéias destrutivas e suicidas, temor mais do que obsessivo perante a
morte, dentre outras. O objetivo do presente estudo não é discutir a eficácia
dos diversos tratamentos existentes, mas fazer uma análise desse mal dentro do
enfoque da psicoterapia de ALFRED ADLER, criador dos conceitos de complexo de
superioridade e inferioridade. ADLER enfatizava três áreas como sendo
fundamentais para o pleno desenvolvimento e felicidade humana: amor, trabalho e
relações sociais. Em nenhuma delas poderia prevalecer sentimentos de
competição, desejo de superioridade ou complexo de inferioridade; caso isso
ocorresse se obstaria o livre fluir das potencialidades humanas. A conseqüência
seria um indivíduo propenso a compensar suas carências seja pelo desejo de
manipular alguém, ou um medo constante de não se sentir aceito em seu meio.
Resumindo, a personalidade se distanciaria de seu objetivo inicial, fazendo o
que ADLER chamava de “arranjo psíquico”; uma troca de um objetivo pleno por
outro inferior. Sendo assim, a dor e o sofrimento psicológico seriam
suportáveis a fim de se adiarem os desafios pessoais do sujeito nas três áreas
citadas. Freud numa outra abordagem já havia dito sobre o ganho secundário dos
pacientes histéricos, através da chantagem emocional e atenção entre outros.
Obviamente tal idéia é encarada com extrema resistência por muitos pacientes,
dizendo ser absurda a idéia de preferir a doença a uma vida sadia
emocionalmente. Uma análise mais apurada desmascara por completo tão irreal
frase proferida, trazendo a tona todas as áreas comprometidas. É fundamental que
qualquer método de tratamento ataque à raiz do problema, pois do contrário
estaremos o eternizando. Isso vale, sobretudo para o aspecto farmacológico, pois
a medicação por si só nunca resolverá qualquer conflito ou distúrbio
psicológico. Isto é igual nos pacientes com alcoolismo que tratam sintomas
de úlcera decorrente da bebida, mas não cortam o uso da mesma.
A síndrome
do pânico não pode ser isolada do contexto social e familiar do paciente,
tratando-a meramente como enfermidade químico-orgânica, mas, sobretudo deve ser
encarada como uma barreira que o próprio paciente desenvolveu para bloquear
mágoas maiores. Troca-se o inesperado de um sofrimento doloroso por doses
homeopáticas diárias de desesperança e falta de estímulo. Alguém que vive a
infelicidade se sente protegido de novas cargas emocionais negativas. ADLER
enfatizava que um paciente acometido de fobia de sair as ruas tinha a intenção
oculta de criar um reino fictício de controle e poder sobre seu universo
restrito, adiando constantemente a prova final sobre sua capacidade de
cooperar, conviver e se abrir perante o meio. As terapias cognitivas tratam as
idéias de terror visando a mudança comportamental, porém muitas vezes as
encaram como coisas estratificadas, quando na verdade precisamos descobrir
todas as associações mórbidas do paciente. A invasão de idéias destrutivas faz
parte da dualidade dos opostos em qualquer ser humano. Cabe a todos harmonizar
o terror que habita em nosso inconsciente com a esperança pratica de mudança e
satisfação no convívio social. Notem que quase todos os pesadelos têm como
temática pessoas sendo mortas, caçadas, afogadas ou esfaqueadas. O consenso
sobre tais idéias seria a total situação de desamparo que a pessoa sente em seu
dia a dia. ADLER achava que tal sentimento era uma maneira de forçar mais
atenção e cuidados sobre a pessoa acometida da doença, desejando ser “mimada”
por seu meio. Por mimo, se entende não o ganho de qualquer coisa material,
mas simplesmente chamar a atenção para si próprio o tempo todo. Haveria então
uma fuga para um estágio infantilizado, onde os outros seriam forçados
novamente a cuidar do paciente como na sua infância.
A quase totalidade dos pacientes acometida da síndrome do pânico relata ser obrigatória a presença de alguém no momento do ataque para os acudirem, ou aplacarem suas angústias. Não podemos nos esquecer também dos aspectos sociais presentes na enfermidade. Nosso modelo econômico e social gera solidão e apatia, nos fornecendo o consolo do consumismo. O grande problema é que lutamos para pertencer a dito modelo. A síndrome do pânico espelha a mais terrível perda da capacidade de troca entre as pessoas em nossa era. O medo maior subjacente é que tal enfermidade nunca abandone a pessoa. Não é a toa que pacientes com síndrome do pânico relatam sonhos de terem sido condenados à prisão perpétua. Outros dizem respeito sobre estar caindo de um precipício ou prédio, refletindo o complexo de inferioridade da pessoa. Posto tudo isso, é fundamental elaborarmos uma nova base de tratamento de cunho psicológico e social; ao invés de uma globalização econômica, precisamos de uma que atue no autoconhecimento, ciência, prazer afetivo, sexual e cooperação humana.
ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO C.R.P. 31341/5
CONSULTÓRIO: RUA ENGENHEIRO ANDRADE JÚNIOR, 154- TATUAPÉ SP-SP
Bibliografia:
ADLER,
ALFRED. O CARÁTER NEURÓTICO. BUENOS AIRES: PAIDÓS, 1912